O Brasil está atravessando
um momento muito difícil, não por falta de meios ou potencial para o
desenvolvimento estável e sustentável, mas pela derrocada do sistema político
como fonte de liderança, credibilidade, representatividade e propostas
agregadoras e viáveis para sair da crise e ir adiante. Temos características
inigualáveis para dar suporte às atividades produtivas e condições de vida
digna para a população. Temos a maior floresta tropical, a maior biodiversidade
do planeta, além de uma diversidade cultural e étnica que enriquece nossa
capacidade para criar e inovar. Temos uma grande extensão de área agricultável
e de zona costeira e 20% da água doce do mundo.
Temos uma economia
diversificada, com uma importante base industrial e, por fim, uma democracia
estável, o que demonstra nossa rara capacidade para sobreviver a este momento.
No entanto, não é fácil enxergar e valorizar o que temos quando o cenário parece
tão desanimador e parecem tão poderosas as forças do atraso e da corrupção.
Por falta de um governo
responsável e equilibrado, estamos jogando fora essa fantástica energia.
Patinamos, de um lado do espectro político, no populismo – que implantou
importantes políticas sociais, ainda que muitas vezes frágeis e superficiais,
mas manteve privilégios ao capital financeiro e setores empresariais atrasados.
No outro lado do espectro, foram feitos avanços no sentido do equilíbrio
econômico, que infelizmente vieram acompanhados de uma concentração de
privilégios e benefícios e da penúria e sofrimento de trabalhadores e dos mais
pobres.
Ambos setores se tornaram
retrógrados e profundamente convergentes na sua cruel cegueira para o futuro e
na ausência de projetos que enfrentem questões vitais para o mundo e para o
país.
Hoje, no Brasil, 30% dos
jovens estão desempregados, quase a metade não consegue concluir o ensino médio
antes dos 19 anos e mais de 30 mil jovens, principalmente negros e de
periferias, são assassinados por ano.
A violência no campo
aumentou de forma significativa – é hoje a maior em 31 anos, e a ela se soma o
desmonte da legislação socioambiental e dos direitos humanos.
Tristemente, a
desigualdade ainda é a característica mais marcante da nossa sociedade. Os seis
brasileiros mais ricos têm tanta riqueza quanto os 100 milhões mais pobres. A
educação pública de qualidade é apenas um discurso que não saiu do papel.
Apenas 30% dos alunos da rede pública saem do 9º ano com aprendizado adequado
em leitura e interpretação e somente 14% conseguem resolver problemas de
matemática.
Precisamos, como diz nossa
porta voz, Marina Silva, proclamar finalmente a República! Não aceitamos mais
como regra da ação política o conluio que coloca o patrimônio de toda a
sociedade a serviço de interesses individuais ou de grupos. Sem falar daqueles
que assaltaram – e dos que continuam assaltando – os cofres públicos para
enriquecimento próprio ou para irrigar seus projetos de poder, e que, com
impressionante cinismo, falam hoje em “reformas imprescindíveis” para “salvar o
país”. Reformas? Sim, são necessárias e deverão ser feitas, mas não aquelas
feitas sob medida para resguardar os poderosos e desviar o foco da gravíssima
desqualificação ética e política de quem as promove, por exemplo as que vêm
ocorrendo no governo atual.
O equilíbrio fiscal não
pode ser obtido às custas da redução de direitos e sucateamento das políticas
sociais, mas sim, primeiramente, com o combate à sangria da corrupção e o corte
de privilégios, restabelecendo a saúde do investimento por meio de uma Gestão
Pública eficiente e reconfigurando os padrões de desempenho deste setor, tudo
isso associado ao estabelecimento de regras claras, ágeis, confiáveis e justas
para os investimentos públicos e privados. O grito das ruas de 2013 ainda ecoa,
mas a política tradicional, em todos os seus matizes desperdiçou esse potencial
transformador, preferindo tentar manipulá-lo dando respostas pífias e
enganadoras.
O Brasil precisa
urgentemente construir um projeto de País que mobilize trabalhadores,
empresários, a Academia, movimentos sociais e ONGs e, principalmente, recupere
o potencial realizador e transformador da juventude (e de todo o povo
brasileiro), que almeja por justiça, solidariedade, participação social,
preservação e uso sustentável dos recursos naturais. A Rede Sustentabilidade
busca coligar, principalmente, as forças da sociedade marginalizadas por um
sistema corrupto e exaurido – mas ainda poderoso, forças estas que se articulam
em ações autorais e em grupos de ativismo político. Nos coligaremos também com
partidos que tenham protagonismo ético, compromissos sociais e ambientais,
responsabilidade com a coisa pública e com a eficiência do Estado.
Apesar das tentativas de
desconstrução de sua liderança, principalmente na eleições de 2014, Marina
Silva representa uma alternativa real para agir na direção para a qual o Brasil
precisa caminhar: unir a sociedade e superar o ódio, as mentiras, a polarização
e a descrença; combater a corrupção; interferir objetivamente nesse cenário de
crise política, econômica, social, ambiental e ética; e permitir que o país se
reencontre com o seu futuro. Marina, por sua história pessoal de superação,
pela firmeza do seu caráter e coragem para enfrentar adversidades, somadas à
sua experiência reconhecida e premiada nacional e internacionalmente de gestão
como Ministra do Meio Ambiente, além de sua capacidade de construção de
consensos entre diferentes, reúne as competências e habilidades que o país
tanto precisa neste momento.
A partir desta análise e
tendo recebido moções de apoio unânimes de todas as nossas conferências
regionais já realizadas, o Elo Nacional da Rede Sustentabilidade conclama
Marina Silva, nossa principal liderança política, nossa mantenedora e
realizadora de utopias, a colocar seu nome à disposição do partido e a serviço
da sociedade brasileira como pré- candidata à Presidência da República.
Elo Nacional da Rede
Sustentabilidade Brasília, 2 de dezembro de 2017.
Informações: https://redesustentabilidade.org.br