''O bem do povo''

10 de novembro de 2017

O maior crime ambiental da história do Brasil permanece impune




Ao completar dois anos, o maior crime ambiental da história do Brasil permanece impune. A ação criminal, que responsabilizou a mineradora Samarco e seus ex-diretores pela avalanche de lama com rejeitos de minérios, causada pelo rompimento da barragem de Fundão em Mariana (MG), está suspensa pela Justiça Federal. A contestação da defesa sobre as provas utilizadas na denúncia pode vir a anular todo o processo, como se faltassem evidências e as provas não estivessem a céu aberto materializadas em três dimensões, na destruição e contaminação provocadas pela tragédia, sobretudo na irreparável perda de preciosas vidas.

A decisão da mineradora de seguir brigando na Justiça só amplia o sofrimento das famílias atingidas que lutam pela reparação da sua dignidade, e impede outras medidas emergenciais de recuperação ambiental. A mineradora recorreu de todas as multas aplicadas pelo IBAMA, assim como as aplicadas pela Secretaria de Meio Ambiente de Minas Gerais. Apenas uma multa começou a ser paga, no valor de R$ 127 milhões, parcelada em 60 vezes. São mais de 50 mil ações contra a Samarco correndo em comarcas da Justiça estadual.

Mergulhadas em tristeza e sofrimento, famílias atingidas ainda aguardam suas indenizações; lutam para vencer os graves problemas de saúde mental como depressão e angústia; tentam se adaptar às casas alugadas onde foram provisoriamente reassentadas, distantes de parentes e vizinhos; e na expectativa de reaver seus antigos modos de vida, aguardam a promessa da construção dos novos vilarejos. As medidas de recuperação do leito do Rio Doce, da fauna e flora, também seguem tímidas se comparadas com a amplitude e profundidade dos danos e perdas causados pela contaminação, embora algumas ações de revegetação tenham sido realizadas para recompor as margens assoreadas dos rios.

É importante relembrar que o que aconteceu em Mariana não foi, de forma nenhuma, acidente, mas, pela negligência e descaso, um crime. O direito de restauração de um ambiente saudável com justiça social e ambiental precisa ser cumprido com urgência pela empresa responsável por tamanha tragédia criminosa. Crimes dessa magnitude precisam ser transformados em crimes hediondos. Já se passaram dois anos. A impunidade não pode servir de incentivo para que essa tragédia se perpetue ou para que outros crimes dessa natureza venham a acontecer no Brasil.


Fonte: redesustentabilidade.org.br


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