O senador Pedro Simon (PMDB-RS) fez um emocionado discurso de despedida
do Senado nesta quarta-feira (10). Aos 84 anos, ele está encerrando o
quarto mandato como senador. Simon deixou a Casa depois de três décadas
homenageado pelos colegas parlamentares e com a intenção de continuar a
divulgar suas ideias, falando principalmente aos jovens em palestras pelo país.
— As minhas palavras deixam agora o alento dos discursos para semear
ideias com a juventude que clama por mudanças. Minhas sementes de ética
na política do Brasil de hoje e de amanhã — afirmou.

Com mais de 60 anos na vida pública, Simon, que também já foi governador
e deputado estadual do Rio Grande do Sul, destacou o trabalho que realizou para
representar no Senado o povo gaúcho e todos os brasileiros. Ele também recitou
poema de Manoel de Barros, agradeceu a Deus e fez uma adaptação da oração de
são Francisco – de quem é devoto - para resumir sua trajetória política.
— Onde vi repressão, lutei para levar liberdade; onde vi tirania, lutei
para levar democracia; onde vi corrupção, lutei para levar ética; onde vi
impunidade, lutei para levar justiça — disse.
História
Dos momentos memoráveis desde o movimento estudantil e como político
eleito, o senador ressaltou sua participação em momentos históricos, como a
campanha Diretas Já, a Assembleia Nacional Constituinte e da eleição do
presidente Tancredo Neves.
Simon recordou também os nomes de vários parlamentares falecidos que
ajudaram a dignificar o Poder Legislativo. Entre eles, citou Ulisses Guimarães,
Mário Covas, Darcy Ribeiro e Alberto Pasqualini, de quem foi aluno e se
considera seguidor e discípulo.
O senador ainda fez críticas ao governo, à equipe econômica de transição
da presidente Dilma Rousseff e citou os casos de corrupção como o mensalão e os
escândalos da Petrobras.
— Um governo que não soube como terminar nem sabe como começar e vive
seu pior momento, uma hora dramática. Deveriam reunir todos os partidos
para deliberar sobre o que fazer para conduzir o Brasil. Fazer como fez o
Itamar, depois do impeachment do Collor — sugeriu.
Simon, no entanto, comemorou os avanços na luta contra a impunidade e a
aprovação da Lei da Ficha Limpa que considerou “um grande passo rumo à
moralidade na representação política”.
Apesar de já haver anunciado que não disputaria novo mandato eletivo,
Simon aceitou convite do partido para concorrer este ano, mas foi derrotado .
No lugar dele assumirá o senador eleito Lasier Martins (PDT-RS).
Apartes
Ao encerrar o discurso, Simon foi aplaudido de pé e recebeu de presente
uma miniatura em madeira do Congresso Nacional, o microfone e a placa que
ficavam em frente a sua cadeira no Plenário. De pé na tribuna, por cerca de
cinco horas, ele foi aparteado por 36 senadores e respondeu um a um.
Os companheiros de partido destacaram a importância da figura política
combativa e coerente. Para o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE), o
Senado se despede de um dos homens públicos mais importantes e mais respeitados
do país.
Vital do Rêgo (PMDB-PB) disse que Simon é exemplo de
altivez, honradez e seriedade. Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) recordou a amizade
de mais de 40 anos e a fundação do partido. Waldemir Moka (PMDB-MS) e Luiz
Henrique (PMDB-SC) lamentaram a perda para o Senado.
Valdir Raupp (RO), Eduardo Braga (AM), Roberto Requião (PR) e Ricardo
Ferraço (ES) exaltaram o exemplo do político na luta pela redemocratização do
país.
— Continue nessa resistência, o senhor é um ícone não só para o
nosso partido, mas para a ética e a moral brasileira — disse Casildo Maldaner
(PMDB-SC).
Simon foi citado como influência positiva para várias gerações de
políticos. Ataídes Oliveira (PROS–TO) elogiou o legado do parlamentar
gaúcho, que também foi considerado como inspiração e referencia de ética na
política pela maioria dos colegas, entre eles Eduardo Amorim (PSC-SE), Vanessa
Grazziotin (PCdo B-AM) , Paulo Bauer (PSDB-SC) e Ruben
Figueiró (PSDB –MS).
O líder do PSDB, Aloysio Nunes Ferreira (SP) e Alvaro Dias (PSDB-PR)
também destacaram a simplicidade e o protagonismo de Simon na história política
do país.
O senador ainda recebeu o carinho e as homenagens de Paulo Paim (PT-RS
), Flexa Ribeiro (PSDB-PA), Magno Malta (PR-ES), João Capiberibe (PSB –AP), Cyro
Miranda (PSDB- GO), Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), Marcelo Crivella (PRB-RJ),
Antonio Aureliano ( PSDB-MG), Lúcia Vânia (PSDB-GO), Lídice da Mata (PSB
-BA) .
José Agripino (DEM-RN) afirmou que Simon, pela honradez e coragem, é
merecedor do reconhecimento dos colegas e de todo o povo brasileiro.
— O senhor tem o direito de andar nas ruas do Brasil de cabeça
erguida, só sendo cumprimentado pelas pessoas. Duvido que alguém lhe dirija
alguma palavra de censura, porque o senhor é daqueles políticos que já não se
fazem mais — disse.
Fonte: Agência Senado
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