O que seria apenas mais
uma pesquisa de uma graduanda do curso de Fisioterapia da Universidade Estadual
da Paraíba (UEPB) se transformou em Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) e,
posteriormente, em uma ferramenta que pode facilitar a vida das pessoas com deficiência
visual. Aluna do 9º período do curso, Paloma Raquel Araújo Gomes, encontrou na
disciplina “Fisioterapia na Saúde Coletiva”, ministrada pela professora Cláudia
Holanda Moreira, a inspiração para desenvolver um projeto que visa favorecer a
vida dos deficientes visuais do Instituto dos Cegos de Campina Grande.
A cartilha “Orientações
posturais” foi escrita no sistema braille e proporciona aos usuários ter
contato com um material pedagógico em um sistema próprio de leitura para
pessoas cegas. Embora o trabalho tenha cumprido a uma exigência para a
conclusão do curso, Poliana resolveu produzir a cartilha a partir da
necessidade do próprio Instituto dos Cegos, onde a turma da professora Cláudia
Holanda desenvolve atividades.
Para realizar o projeto,
Paloma usou material emborrachado para a exploração tátil e cola alto relevo. A
impressão foi feita no Núcleo de Educação Especial da UEPB, que funciona em uma
das salas do 3º andar da Central de Integração Acadêmica, no Câmpus de
Bodocongó. A aluna explicou que, devido a perda de visão, os deficientes
visuais adotam determinadas posturas inadequadas como a anteriorização da
cabeça e a protusão dos ombros que termina gerando uma hipercifose torácica que
consiste no aumento da curvatura no plano sagital da coluna torácica.
Devido a esses aspectos,
eles pode ter, futuramente, comprometimento na postura e alterações na saúde
como um todo. Para melhorar a qualidade de vida dessas pessoas, é que a futura
fisioterapeuta resolveu investir na produção da cartilha, que tem como objetivo
fazer com que esse segmento da população adquira conhecimentos sobre a coluna e
como funciona essa importante parte do corpo humano, a partir de um material de
consulta acessível diante das suas necessidades especiais.
Na cartilha também foram
incluídas orientações para melhorar as posturas durante os hábitos de vida das
pessoas portadoras de deficiências visuais. Incentivadora da iniciativa, a
professora Cláudia Holanda Moreira reafirmou que a cartilha surgiu da
necessidade dos portadores de deficiência visual, tendo sido transformada em
uma pesquisa para o Trabalho de Conclusão de Curso. A docente observa que a
cartilha é um instrumento importante de promoção de saúde e inclusão para a
população do Instituto dos Cegos.
Para produzir o material,
a estudante teve que conhecer um pouco a rotina dos deficientes visuais. A
turma da professora Cláudia realiza no Instituto um trabalho de orientação
postural. São oficinas relacionadas a equilíbrio e postura. Integrante do
Núcleo de Educação Especial, o servidor Alindembergue de Araújo Oliveira
afirmou que a cartilha é um instrumento muito importante para as pessoas com
deficiência visual que leem em braille.
Ele ressaltou que o
material proporciona às pessoas com deficiência visual ter um contato direto
com o material pedagógico. “Não temos muitos materiais pedagógicos em braille.
Temos muita literatura, mas materiais acadêmicos e pedagógicos temos pouco.
Então essa cartilha vem em um bom momento”, comentou Alindembergue, que é
servidor da UEPB e também aluno do curso de Gestão Pública.
Texto: Severino Lopes
Fotos: Givaldo
Cavalcanti
Informações: http://www.uepb.edu.br/